quinta-feira, 14 de abril de 2011

O que encanta-me no México, não é o passado, mas o presente!

Descumpri minha promessa de atualizar o Blog todos os dias, hoje vou renovar em parte e tentar cumprir com os demais dias. Vim ao México para fazer o Curso de Coaching Antológico da Newfieldt Consulting. O Curso iniciou hoje, e chegando domingo a noite, tratei de conhecer um pouco mais do México e sua cultura antes de chegar a Querétaro, cidade onde esta sendo realizado o curso. Na terça visitei as Pirâmides de Teotihuacan, ontem, o Palácio das Belas Artes, o Museu do Templo Maior, e o Museu Dolores Olmedo Patino. Pensava em ir a casa de Frida Kahlo, mas o taxista entendeu errado e acabou me levando a casa onde há obras de Frida, mas não a casa onde ela morava.

Nas piramides de de Teotihuacan conheci os vestígios da civilização pré-colombiana artefatos e escavações arqueológicas que identificam o território Teotihuacan como sendo um local multi-étnico, incluindo Zapotecas, Mixtecas, Maias e mesmo Nahuas.

No Palácio das Belas Artes, a pintura moderna, a mais impressionante conclusão é que ainda se mantém vivo o espírito de artistas Diego Rivera, que marcou seu tempo com painéis racionalistas, e nacionalistas. Evocando a razão contra a tradição e a religião, e pregando nesta razão a virtude do socialismo como uma possibilidade histórica.

O museu apresenta claramente os debates ideológicos dos últimos três quartos do século XX. No entanto, o que mais me encantou, neste México, foi a vida presente, aquela que se move, chora, empunha bandeiras, cerra os punhos, grita e ainda hoje luta por um México onde sem explorados, com divisão de renda, com respeito as diferenças e a dignidade humana. Em frente ao Palacio das Belas Artes se reuniu na quarta pela manhã uma multidão protestando contra o governador do Distrito federal (cidade do México) pelas altas taxas da água, em especial pelos impostos. Os cartazes diziam que agua não é negócio e sim necessidade humana. Haviam muitas bandeiras do PRD (Partido da Revolução Democratica) e muitos jovens e velhos.
O que encanta-me no México, não é o passado, mas o presente!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O povo mexicano faz da sua voz, sua arma.

Hoje caminhei pelo Centro Histórico da Cidade do México e por ser segunda-feira não encontrei nenhum dos museus abertos. No entanto, tive a feliz oportunidade de encontrar o povo mexicano, no sentido popular da palavra, reunido na Plaza de la Constitución. Estão acampados na praça em frente ao Palácio Nacional e da Catedral sindicalistas, trabalhadores de várias categorias, do setor público e privado, estudantes, donas de casa, mulheres trabalhadoras, advogados, jornalistas e tantos outros, se somaram desde o dia 6 de abril com 20 mil pessoas que marcharam para o Zócalo (nome que se dá a Praça da Constituição) e lá, entidades, movimentos sociais e sindicais firmaram acampamento permanente para mobilizar a sociedade mexicana a pedir a renúncia de Felipe Calderón, político conservador do Partido da Ação Nacional. Seu alinhamento com os Estados Unidos empobrece o povo mexicano e enche de alegria as empresas americanas que aqui enriquecem a custa da miséria do povo, que não se rende.

Conversando com Victor Armando Pascoal, professor e artista popular que carregava uma bandeira e um sorriso que contagiava quem por ele passavam, ele dizia:“ amo o México, e estes mexicanos gringos, saqueiam o povo que esta morrendo de fome. São 60 milhões de desempregados no México e não há educação pública. Querem que o México seja o quintal dos americanos, mas nós queremos liberdade para fazer do nosso país um país sem miséria!”

O palácio do governo estava cercado de grades e seguranças fortemente armados desde o dia da tomada de Zácalo.  A voz de cantores da organização do povo e da revolução mexicana ecoavam na praça, para o desgosto dos poderosos.

Hoje percebi que a revolução mexicana é permanente, que o povo oprimido está nas ruas e nas praças fazendo de sua voz sua arma. Chegará o dia em que a arma será a voz do povo!

domingo, 10 de abril de 2011

Na Cidade do México

Dia 10 de abril. Na cidade do México são 22h10, com o fuso horário de duas horas a menos que no Brasil onde são 0h24. Depois de desembarcar no Aeroporto Internacional da Cidade do México - Benito Juarez, peguei um táxi para o hotel que fica no Centro Histórico da cidade. No trajeto o mesmo de sempre. Não importa em qual grande cidade nos encontramos no Ocidente a pobreza e a riqueza têm o mesmo aspecto.

Logo no saguão do aeroporto, dois homens limpavam enormes vidros que emparedavam a sala da imigração. Não tinham aspecto agradável. Sua aparência contrastava com os Mexicanos que desembarcavam comigo, vindos do Brasil. Aparentemente homens e mulheres de negócio ou turistas. Talvez algum estudante, ou pessoas de Estado, mesmo assim, um abismo aparente entre os viajantes e aqueles que metodicamente limpavam os vidros já transparentes do imenso aeroporto.

No trajeto do táxi, carros velhos e novos. Edifícios luminosos e outros opacos que não guardavam qualquer lembrança com o século XXI, mas habitado por pessoas deste tempo. Se parecem muito com as habitações populares das grandes cidades do Brasil, que mais se parecem caixotes de guardar gente.

Amanhã pretendo conhecer um pouco da lembrança que este lugar guarda (o Centro Histórico da Cidade do México) da revolução que marcou o México no início do século passado (1910). Aparentemente, como já disse Fidel, muitas vitórias por independência, criaram outro tipo de colonialismo, o mesmo que vivíamos (ou ainda vivemos?) no Brasil, o colonialismo econômico, nova forma de dominação capitalista, que transforma os pobres e os ricos de qualquer parte do mundo Ocidental com o mesmo aspecto.

Perdoem os leitores o tom quase melancólico de desabafo, mas na viagem quase li de uma única vez, o livro Fidel e Che, uma amizade revolucionaria (Simon Reid-Henr, Ed. Globo, 2010) que ganhei dos meus amigos Augusto (Gugu) e Fabiana. A narrativa desta amizade faz com que o filtro de meus olhos sejam o da minha classe olhando a profunda desigualdade promovida por este estagio do capitalismo.

Vamos ver o quanto meu espírito se apresenta no resto da viagem....

Buenas Noche!