Hoje comemoramos 2010 anos de nascimento de Jesus. A existência deste homem que conhecemos pela narrativa de milênios é cheia de significados. Para mim, o maior de seu s exemplos foi não ter se dobrado aos poderosos de seu tempo, e colocado sua vida a serviço do significado de resistência e luta dos oprimidos contra os poderosos.
Tudo o mais que se diz deste homem como filho de Deu s, ele mesmo nos disse, (caso Deu s exista), que todos/as somos filhos/as de Deu s, assim como ele, que se colocava como igual entre os humildes fossem mendigos ou prostitutas, pessoas com deficiência ou pecadores. Não há nenhuma narrativa de preconceito ou de condenação feita por Jesus que não seja a condenação aos poderosos que pilhavam, escravizavam e matavam para manter sua luxuria e poder.
O dia de natal também tem outro significado, este mais simbólico, a idéia permanente de nascimento, ou, como ocorrem todos os anos, de renascimento. Confesso, neste ano que passou fiz tantas coisas e conheci tantas pessoas que deveria agradecer a vida pelas oportunidades de conhecer o Brasil e seu povo nos quatro cantos.
De alguma maneira também, preciso me desculpar com minha filha e neto por não ter ficado tanto quanto gostaria com eles. Desculpar-me com meu s amigos e amigas por não ter compartilhado do seu tempo nas tantas oportunidades, desculpar-me com meu s pais, irmã e irmãos por não ter compartilhado com eles as festas de família. Desculpar-me com a mulher amada, por, não tê-la amado como ela merecia e desperdiçado a oportunidade de entender o amor por seu exemplo.
Queria agradecer aqueles/as que comigo sonharam e fizeram sua parte para construir um mundo mais justo e solidário, às/aos colegas de trabalho, professores/as, alunos/as e parceiros/as do Programa Escolas-Irmãs, aos/as meu s amigos/as do Núcleo do Almeida, aos/as colegas da turma formandos de 2004 do curso de Sociologia da Fundação de Sociologia e Política/SP que compartilham encontros etílicos há dez anos, aos educadores/as populares e militantes da educação popular em especial do Fórum de Educação Popular do Oeste Paulista - FREPOP, e aqueles/as que comigo compartilharam encontros, reu niões, seminários, que teimam em no sonho de acabar com as injustiças, não em nome do povo, mas junto com ele.
Se pudesse desejar algo para este natal, é ele que seja a oportunidade de renascimento. Renascer não é voltar, e sim, tentar continuar de uma nova compreensão sobre o ponto de partida, iniciar de onde estamos com nossas aprendizagens e erros, pois não se aprende sem errar, tentar fazer igual e diferente no sempre novo tempo que temos pela frente.
Talvez renascer seja ter a oportunidade de renovar compromissos com a organização do povo oprimido para que se erga contra a opressão; para reconhecer o amor quando ele lhe bata a porta e não desperdiçá-lo com desrespeito; ou ainda, renascer seja a possibilidade de ser perdoado e se perdoar. Não julgar ou ser julgado, mesmo sabendo pela consciência de cada ato que desejaríamos não ter realizado, ou ter feito diferente e melhor.
É assim que quero significar meu natal neste ano.
Desejo a todos/as um bom renascimento.