terça-feira, 21 de dezembro de 2010

[... sem título]

Mais uma semana e nada!
Também... esperava o que?
Que a vida fosse virar de ponta cabeça?
Que os problemas desaparecessem como um passe de mágica?
Que as dores, rancores e prazeres ficariam no som do bater a porta?
Que a falta seria compreendida como alívio?
O vazio como esperança?
A liberdade como prazer e desejo?
Em fim! O que você esperava?

Que as bocas, lábios, olhares, costas, coxas e pés que cruzam as calçadas, poderiam em sua particular beleza recompor a pessoa?

Que os sorrisos, os brilhos dos olhos, as palavras doces, os carinhos poderiam compor um comportamento desejável na forma racional?

Você esperava o que?

Que debulhar os livros da estante e colocá-los numa caixa de papelão juntos aos CDs, fotos e recordações, fechá-la com fita adesiva e pronto! Estaria livre das teorias da humanidade sobre amor, sexo e casamento e poderia viver somente as horas, os dias e as semanas, construindo num vazio sem passado um futuro orquestrado pelo desejo da razão.

É incrível!!! Até roupas novas comprou e toda vez que coloca as mãos no bolso elas vêm com lembranças grudentas entre os dedos.

Nem mesmo o cotidiano copo de qualquer coisa que o valha, num bar qualquer que seja, com quem quer que esteja a mesa traz o que procurava ao bater a porta e deixá-la as costas.

Não importa...

Só quer saber porque não se pode viver sem passado.
Sua geração cresceu cantando a idéia de viver um dia de cada vez, uma hora depois da outra. O prazer em si dos dias, minutos, horas, das ocasiões.

Mas como as horas e os dias passados poderiam não interferir nos dias e horas futuras?
Não só interferem como seu peso orienta o rumo e o prumo no pequeno espaço de nossas vidas. As coisas que sonhamos, gostamos, as que faremos mais tarde, as que iremos desejar pela negação.

Tem medo do que encontrará dentro da caixa na hora de tirar o lacre adesivo. Tem medo das imagens que vão encará-lo, as capas dos livros e CDs, do espirro pela poeira acumulada. Tem medo de se encontrar perdido e se perder na tentativa de se encontrar no passado.

Porque diabos não temos um interruptor a traz da orelha que se possa desligar para dormir?! Ele pensa enquanto traga o último gole do whisk de qualidade duvidosa.

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