segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sei lá! A vida tem sempre razão... *

Por vezes ‘sinto’ que a vida deste indivíduo que sou depende de tantos e tantas situações e pessoas, que a governabilidade de minhas decisões está interdependente de decisões alheias.

Assim vivi o mês de janeiro, decidido que deveria posicionar as velas da nau de minha vida em situação de encontrar ventos para outros destinos, fui abalroado por ventos que se colocaram a disposição de propor destinos distintos ao que inicialmente almejei. Aventurei possibilidades e, angustiado, amarrei o leme.

Alguns ventos perderam a força, outros eram somente corrente de pequena intensidade, agora a bússola está na posição correta, as velas estufadas e o curso seguro. Aportarei em Curitiba por estes dias depois de cumprir com algumas questões práticas que ficaram por resolver no porto da Capital.

* letra de Toquinho.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Experiências, planos e decisões.

No ano que passou tive a oportunidade de coordenar o Programa Escolas-Irmãs vinculado ao Gabinete Pessoal do Presidente Lula. Este trabalho oportunizou-me conhecer o Brasil. Costumo dizer que tive mais horas de vôo do que de sono. Conheci o Brasil que não passa na TV. Os/as brasileiros/as que fazem este país todos os dias. Não conheci o Brasil como turista, nem descompromissado com as realidades que vivenciei, ao contrário, estava trabalhando no Gabinete do Presidente Lula e sentia exatamente o que isso significava quando portas de casas e escolas simples se abriam e o acolhimento se fazia afetuoso.

Conheci professoras/es, gestoras/es, estudantes, educadoras/es, profissionais da educação, prefeitas/os, secretárias/os municipais e estaduais de educação e, senti, mais do que a razão pode conceber, o real tamanho do Brasil. Coordenar o Programa Escolas-Irmãs com a colaboração da equipe do Gabinete Pessoal, do Selvino Heck, Aline Sá e Luana Rodrigues com quem trabalhei diretamente, conhecer as pessoas que trabalham nas escolas e instituições parceiras envolvidas diretamente no Programa Escolas-Irmãs foi privilégio e experiência marcante em minha trajetória pessoal.

Novo governo, novas tarefas. Em conversa com o Ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, acertamos que ele proporá ao MEC que adote o Programa Escolas-Irmãs em sua estrutura, uma vez que o gabinete da Presidenta Dilma terá outra configuração. Isso trará desafios distintos e possibilidade de acesso a recursos que hoje não temos à disposição. No entanto, disse ao Ministro que pessoalmente eu tinha outras tarefas a cumprir para o próximo período.

No início deste ano portas se abriram. O espaço de aprendizagem que é o Programa Escolas-Irmãs ficará à disposição para outro/a aprendiz. Neste momento de minha vida optei por contribuir no mandato do deputado estadual Tadeu Veneri/PT pelo Estado do Paraná. Vou mudar-me para Curitiba no mês de fevereiro. Isto porque já havia assumido duas tarefas importantes para este ano que não seriam possíveis de serem bem executadas se ficasse na coordenação do Programa, ou em outras tarefas de governo em Brasília. A primeira é presidir o XIX Frepop – VI Internacional (Fórum de Educação Popular do Oeste Paulista) e a segunda é qualificar minha atuação na área de planejamento organizacional no curso que farei em três etapas, a primeira no México, segunda na Colômbia e a terceira na Espanha.

Já havia decidido ficar mais próximo possível de minha filha Luana e meu neto Lucas, além de cuidar das minhas relações de amizade e afeto. Espero que, estando em Curitiba, mais próximo de São Paulo, consiga desfrutar da companhia de ambos com mais freqüência.

Como acredito que não existam pessoas insubstituíveis e que os espaços que ocupamos são espaços de aprendizagem, tenho a certeza que o Programa terá um/a novo/a aprendiz tão ou mais entusiasmado/a quanto fui quando assumi a responsabilidade de coordenação. Estarei a partir de fevereiro no papel de parceiro colaborador, uma vez que conhecendo as pessoas envolvidas com o Programa pelo Brasil a fora, seria impossível negligenciar as tarefas de solidariedade e intercâmbio tão importantes para aproximar os/as brasileiros/as de si.

Espero que o legado esteja a contento das novas tarefas que o Programa terá pela frente. Agradeço a generosidade de cada  pessoa que conheci cumprindo minhas obrigações. Espero colher amizades, depois da semeadura de solidariedade que realizamos juntos.

Marcio Cruz, sociólogo e educador.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Educação Popular: um projeto político e social em construção no Brasil e na América Latina – Um outro mundo é possível!

IX Frepop – VI Internacional
Educação Popular: um projeto político e social em construção no Brasil e na América Latina – Um outro mundo é possível!

A principal característica da Educação Popular é utilizar o saber da comunidade como matéria prima para o ensino. É aprender a partir do conhecimento do sujeito e ensinar a partir dele. A Educação Popular visa a transformação social através da aquisição do conhecimento. É o sujeito situando-se políticamente no contexto dos interesses.

            A recente crise do capitalismo ainda tem demonstrado que não cessou. Somada a crise do trabalho assalariado, desnuda de vez a promessa do capitalismo de transformar a tudo e a todos/as em mercadorias, onde o mercado seria o espaço de solução dos problemas sociais e estruturais da sociedade moderna. Milhões de trabalhadores/as são excluídos dos seus empregos, amplia-se cada vez o trabalho precário, retirasse direitos garantidos em décadas de lutas na Europa do pós-guerra ao mesmo tempo em que na America Latina se abrem espaços para lutas sociais para a garantia e ampliação de direitos. Hoje, apesar de parcela significativa da força de trabalho ter melhorado sua renda, ainda há perto de 50% da força de trabalho ativa sobrevivendo à margem das relações de proteção previdenciária e milhões de pessoas sobrevivendo dos programas de renda mínima do governo federal, que apesar de direito, devem ser encarados como transitórios.

            O recente período histórico do Brasil e da América Latina inspirou relações sociais sob a égide dos valores da cooperação e da solidariedade, ampliando o espectro de ação política de movimentos com características de solidariedade e sustentabilidade. São práticas fundadas em relações de colaboração solidária e de ação política para a disputa de espaços as suas demandas, tanto no contexto do Estado quando nas relações sociais mais abrangentes.
           
Ao mesmo tempo, incontáveis redes sociais com histórica trajetória na educação popular despertaram setores antes adormecidos para ocupar espaço na política e na organização social, como sujeito de direitos e de esperanças, atuam por meio de políticas públicas como sujeitos autônomos, mostrando que o Estado quando abre espaço, a sociedade organizada deve ocupá-lo não para ser correia de transmissão de projetos de poder das elites, mas, para disputar dentro dos marcos da democracia o seu projeto de poder. São redes sociais de educação popular que atuam para a consolidação dos setores da saúde popular, educação popular, educação no campo, dos pescadores, indígenas, parteiras, gênero, juventude, pela igualdade racial, por mais e melhores condições de vida na cidade e no campo, mas, para uma cidadania ativa, de atuação política e social, que constrói um país e uma nação para o futuro.

O mesmo ocorre desde a última década nos países vizinhos ao Brasil, com tradições históricas sociais distintas, mas, com a vocação de se apresentar diante do mundo antes colonizador, como países que querem viver sua autodeterminação histórica de fato e de direito, a partir das mãos de seu povo e pela construção da democracia como valor humano que não quer promover a guerra como solução para rupturas históricas

            Propondo configurar-se neste cenário de mudança e de transformação no início da segunda decada deste século o IX FÓRUM REGIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR DO OESTE PAULISTA (IX FREPOP) – VI Internacional que se realizará em Lins/SP, entre os dias 19 e 23 de julho de 2011, pretende aliar-se às redes de educação popular espalhadas pelo Brasil e pelo continente latino americano oferecendo seu espaço ao debate em torno do tema central: Educação Popular: um projeto político e social em construção no Brasil e na América Latina – Um outro mundo é possível!

Os temas eixos para as inscrições das mesas, rodas de conversa, painéis e oficinas, estão sendo propostos da seguinte forma: a) Combatendo a violência; b) Construindo a Economia Popular: solidária e autogestionária; c) Resistindo e re-significando nas comunidades: originárias, quilombolas e camponesas; d) Articulando as redes de informação para a organização social; e) Promovendo a sustentabilidade alternativa do meio-ambiente; f) Conquistas e lutas da mulher na sociedade; g) Infância, Adolescência e Juventude: construções e desconstruções; h) Organizando a Educação Popular como política pública na saúde, na educação, no campo, na cidade, nas comunidades originárias, quilombolas e camponesas.

Estão condidados a construir este FREPOP 2011 os diversos movimentos em foco no país, no contientente Latino Americano e nos demais contientes, para que se cambiem esperanças e experiências que já estão se fazendo, nas esferas da econômia solidária e autogestionária, no ambiente do conhecimento hunano que se faz e refaz todos os dias na luta social, nas várias esferas da vida e na dimensão da cultura popular que dá coesão a um povo, e entre os povos, para que se abram janelas à um outro mundo possível.

Marcio Cruz
Presidente ONG FREPOP