No ano que passou tive a oportunidade de coordenar o Programa Escolas-Irmãs vinculado ao Gabinete Pessoal do Presidente Lula. Este trabalho oportunizou-me conhecer o Brasil. Costumo dizer que tive mais horas de vôo do que de sono. Conheci o Brasil que não passa na TV. Os/as brasileiros/as que fazem este país todos os dias. Não conheci o Brasil como turista, nem descompromissado com as realidades que vivenciei, ao contrário, estava trabalhando no Gabinete do Presidente Lula e sentia exatamente o que isso significava quando portas de casas e escolas simples se abriam e o acolhimento se fazia afetuoso.
Conheci professoras/es, gestoras/es, estudantes, educadoras/es, profissionais da educação, prefeitas/os, secretárias/os municipais e estaduais de educação e, senti, mais do que a razão pode conceber, o real tamanho do Brasil. Coordenar o Programa Escolas-Irmãs com a colaboração da equipe do Gabinete Pessoal, do Selvino Heck, Aline Sá e Luana Rodrigues com quem trabalhei diretamente, conhecer as pessoas que trabalham nas escolas e instituições parceiras envolvidas diretamente no Programa Escolas-Irmãs foi privilégio e experiência marcante em minha trajetória pessoal.
Novo governo, novas tarefas. Em conversa com o Ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, acertamos que ele proporá ao MEC que adote o Programa Escolas-Irmãs em sua estrutura, uma vez que o gabinete da Presidenta Dilma terá outra configuração. Isso trará desafios distintos e possibilidade de acesso a recursos que hoje não temos à disposição. No entanto, disse ao Ministro que pessoalmente eu tinha outras tarefas a cumprir para o próximo período.
No início deste ano portas se abriram. O espaço de aprendizagem que é o Programa Escolas-Irmãs ficará à disposição para outro/a aprendiz. Neste momento de minha vida optei por contribuir no mandato do deputado estadual Tadeu Veneri/PT pelo Estado do Paraná. Vou mudar-me para Curitiba no mês de fevereiro. Isto porque já havia assumido duas tarefas importantes para este ano que não seriam possíveis de serem bem executadas se ficasse na coordenação do Programa, ou em outras tarefas de governo em Brasília. A primeira é presidir o XIX Frepop – VI Internacional (Fórum de Educação Popular do Oeste Paulista) e a segunda é qualificar minha atuação na área de planejamento organizacional no curso que farei em três etapas, a primeira no México, segunda na Colômbia e a terceira na Espanha.
Já havia decidido ficar mais próximo possível de minha filha Luana e meu neto Lucas, além de cuidar das minhas relações de amizade e afeto. Espero que, estando em Curitiba, mais próximo de São Paulo, consiga desfrutar da companhia de ambos com mais freqüência.
Como acredito que não existam pessoas insubstituíveis e que os espaços que ocupamos são espaços de aprendizagem, tenho a certeza que o Programa terá um/a novo/a aprendiz tão ou mais entusiasmado/a quanto fui quando assumi a responsabilidade de coordenação. Estarei a partir de fevereiro no papel de parceiro colaborador, uma vez que conhecendo as pessoas envolvidas com o Programa pelo Brasil a fora, seria impossível negligenciar as tarefas de solidariedade e intercâmbio tão importantes para aproximar os/as brasileiros/as de si.
Espero que o legado esteja a contento das novas tarefas que o Programa terá pela frente. Agradeço a generosidade de cada pessoa que conheci cumprindo minhas obrigações. Espero colher amizades, depois da semeadura de solidariedade que realizamos juntos.
Marcio Cruz, sociólogo e educador.