terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Lideranças sociais defendem o interesse público do Paraná, contra os interesses privados.

“Contra a intolerância dos ricos a intransigência dos pobres.”
Florestan Fernandes

O governador Beto Richa (PSDB/PR) não foge a regra do modelo tucano. Fez escola com o também cara de bom moço Geraldo Alckmin (PSDB/SP). Em frente à imprensa, gestos e palavras suaves. Na gestão do Estado a truculência e a força institucional para implementar a agenda neoliberal de que ambos herdeiros.

Ontem (05/12) a Assembléia Legislativa do Paraná viveu a manifestação da intransigência dos pobres, diante da intolerância dos ricos que decidem em seus gabinetes e escritórios luxuosos o futuro de todos/as.

Foi legítima a indignação e a intransigência dos mais manifestantes que ocuparam o plenário da ALEP e lá se mantiveram por mais de quatro horas. A população do Paraná representada nestas lideranças sociais desejava ser ouvida em audiência pública para opinar sobre o projeto do governo e suas conseqüências.

O próprio presidente do Tribunal de Contas do Paraná, Fernando Guimarães revelou que o projeto de Lei que autoriza o governo estadual a repassar a Organizações Sociais (OSs) serviços de responsabilidade do Estado, mereceria ser apreciado por audiência pública em ambiente democrático.

O governador Beto Richa parece ter pressa na gestão dos interesses privados que bebem recursos do Estado. Neste caso em particular, sabe o governador que não pode abrir o debate em relação às OSs e as PPPs (Parceria Público Privada) que entra na pauta para votação também sem debate. Sabe o governador que a sociedade não quer a privatização mascarada do bem público.

A forma intransigente da manifestação é justificada. Demonstra a viva vontade popular para o exercício da democracia, luta pela qual muitos/as brasileiros/as entraram em conflito com o poder vigente, lutaram e morreram. Para que temas como a OSs e PPPs que na opinião de muitos estudiosos, juristas conceituados, políticos e líderes sociais é uma forma mascarada de privatização do Estado, sejam colocados em discussão com toda a sociedade antes da votação por seus representantes constitucionais.

Há várias formas de violência. Quando o poder executivo impõe ao legislativo a votação sem o devido tempo para o debate nas Comissões, no Plenário e sem o devido diálogo com a sociedade, sem justificativa de urgência, comete uma forma de violência à democracia. Toda a imposição pressupõe um grau de violência e uma resposta de autodefesa. O poeta alemão Bertold Brecht escreveu, “Dizem violentas as águas de um rio que tudo arrastam, mas não dizem violentas as margens que as oprimem”.

Marcio Cruz
Mestre em Ciências Sociais – PUC/SP
Coordenador do mandato Tadeu Veneri – PT
Presidente do Fórum de Educação Popular - FREPOP

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